2021… reabrir, readaptar, reinventar, retomar e recuperar
Todos, sem exceção, estamos saturados da situação que a pandemia de covid-19 impôs pessoalmente nas nossas vidas, mas também coletivamente enquanto sociedade, nas nossas empresas e na economia.
Apesar de se voltar a falar em novas vagas, estamos à porta de mais um verão e começa-se a pensar, novamente, numa reabertura agora mais sustentada, suportada pela (suposta) imunidade que a vacina trará e que nos permitirá retomar a vida o mais perto possível da normalidade.
A reabertura das nossas empresas e da nossa economia deve ser preparada e antecipada. É preciso, por isso, pensá-la, estruturá-la e adequá-la ao momento sanitário, mas também ao momento económico. Não nos podemos esquecer de que muitas empresas foram obrigadas a reinventar-se, a readaptar-se, a reduzir custos e agora podem não estar em condições de responder à procura, que se adivinha (e deseja) intensa no pós-confinamento.
É aqui que um plano atempado pode ajudar, permitindo alguma previsibilidade, que as empresas há mais de um ano não têm. O planeamento é absolutamente necessário para qualquer negócio, e especialmente para quem opera na atividade turística, como é o caso das empresas que trabalham no alojamento turístico e na restauração e bebidas.
As empresas precisam de planear as suas atividades, de perceber como podem organizar a sua estrutura, assegurar os seus compromissos financeiros, aceitar reservas, repor os seus stocks, desenhar os horários dos seus trabalhadores, e isso não se compadece com avisos prévios de menos de uma semana.
Estamos cientes que o desconfinamento poderá ser faseado, por atividades, mas deve ser possível estabelecer-se critérios objetivos em função da evolução da pandemia que venha a conhecer-se. Sabemos da imprevisibilidade que toda esta situação impõe, mas reabrir um setor e ter de o voltar a fechar tem sido extremamente penoso, quer a nível financeiro quer a nível anímico, com a desmotivação e o desânimo a instalarem-se cada vez mais no espírito dos empresários.
E depois há a questão da comunicação, que tem sido muito falada, mas também menosprezada e muito pouco eficaz. Divulgar antecipadamente as medidas, eliminar as contradições existentes, estabilizar as perspetivas dos cidadãos e das empresas, e comunicar bem essas medidas, faz mais diferença do que à primeira vista pode parecer. Ou melhor, faz toda a diferença, além de que é o maior impulsionador do cumprimento das regras.
É, assim, fundamental que a reabertura se dê, mas em segurança suficiente para não se correr o risco de voltar a fechar, o que seria desastroso. Para isso, e como já o referi, o Estado deve planear e comunicar com antecipação, sendo, ao mesmo tempo, absolutamente crucial dotar as empresas dos apoios (robustos e ágeis) necessários para que consigam iniciar uma retoma, a que se seguirá, desejavelmente, a recuperação até aos níveis pré-covid.
Hoje, a única coisa que temos como certa é a vontade e a saudade que todos temos de voltar a viajar, pernoitar num alojamento turístico, beber um café numa esplanada, jantar num restaurante, conversar num bar ou dançar numa discoteca.
Apesar da incerteza que ainda paira no ar, temos de acreditar que a cada dia que passa estamos mais perto do fim deste pesadelo e mais perto de retornarmos ao nosso normal. Mas até que isso aconteça, há um caminho que tem de ser percorrido com muita competência, muita responsabilidade e muita sensatez.
Ana Jacinto: Secretária-geral da AHRESP