Não há casas para arrendar nas aldeias

31-03-2023

Os fenómenos da habitação e do emprego em Portugal têm conhecido ao longo dos anos algumas especificidades que têm feito com que haja maior mobilidade de cidadãos de umas regiões para outras dentro do próprio país aliado ao fenómeno migratório de um grande número de cidadãos da comunidade brasileira que chegaram a Portugal, principalmente, nos últimos três anos. 

A guerra na Ucrânia também tem contribuído para que cidadãos daquela região tenham vindo para Portugal.

Toda esta chegada de população ao nosso país aliado ao fenómeno nas suas várias vertentes da inflação, tem contribuído para outro fenómeno nesta caso relacionado com a inflação no valor das rendas habitacionais e créditos à habitação, que, aproveitando o aumento da procura aumentaram também os valores a cobrar.

Por exemplo, no dia de ontem um proprietário de um T1 em lisboa colocou-o à renda por 650 €/mês e no espaço de apenas uma hora foi contactado por cerca de duzentos interessados.

Arrendar nas grandes cidades e nas cidades pequenas e médias está caro porque há procura e os arrendatários sabendo disso inflacionaram os valores das rendas.

Em contrapartida vemos as aldeias a despovoarem-se ano após ano.

Aldeias que ficam a poucos minutos das cidades que podiam oferecer melhor qualidade de vida e melhor habitação que as próprias cidades que na sua maioria têm apartamentos para arrendar.

As casas nas aldeias pelas suas especificidades normalmente têm um pedaço de terreno em volta o que permite outra qualidade de vida a quem as habita.

Se percorrermos a grande maioria das aldeias da nossa região vemos abandono, desertificação, despovoamento mas em contrapartida vemos a maioria das casas desabitadas à venda.

Não vemos casas nas aldeias para arrendar. Só vemos para venda.

Inverter esta tendência seria contribuir para o aumento de pessoas a residir nas aldeias, primeiro porque as rendas seriam mais baixas que nas cidades e segundo porque é um privilégio viver com melhor qualidade de vida, numa casa com um pequeno quintal em vez de fechados num apartamento.

Mudar mentalidades compete também às autarquias que poderiam criar campanhas de sensibilização junto dos proprietários que têm casas à venda nas aldeias (muitos a viverem nas grandes cidades) para as colocarem à renda para que as mesmas possam ser habitadas e com isso voltar a dar vida às nossas aldeias.

Muitos andam anos e anos para vender as casas e ninguém lhas compra. 
Nem vendem nem tiram rendimento delas. 

Se as colocassem à renda seria uma maneira de terem um rendimento mensal e da casa sendo habitada não se degradar tanto ano após ano.

Esta sim seria uma medida que ajudaria a combater o despovoamento e a desertificação das aldeias e por outro lado ajudaria a combater os elevados valores do arrendamento que são cobrados actualmente nas cidades, sejam elas grandes ou pequenas.

Vale a pena pensar nisto.

Luis Silva, Editor do LA

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