OS CÓMODOS VERSUS INCÓMODOS DA FESTA
A instalação do equipamento (muito abundante), que albergou os expositores / vendedores para a Feira do Queijo, este ano retomada, em data fora da época tradicional, mas que beneficiou muito da afluência por causa da queda de Neve que, finalmente, veio em quantidade, começou desnecessariamente (dizemos nós) 15 dias antes, criando transtornos evidentes, alguns muito evitáveis, quer ao comércio local ou ambulante, quer ao parqueamento e à circulação automóvel na zona do Mercado.
Não parece ter havido um conveniente e racional aproveitamento do tempo, nem a preocupação de evitar, no possível, os constrangimentos e incómodos que causou.
O equipamento de cobertura, que terá naturalmente custado muitos milhares de euros ao erário Municipal, apesar do rigor da despesa, deveria, por isso, limitar-se ao indispensável, ficando a dever, dos responsáveis, alguma parcimónia de contenção, mais não seja até pelos tempos difíceis que se desenham. É sempre desejável cuidar bem dos recursos disponíveis, aplicando-os o melhor possível, pois é sempre possível fazer mais e melhor e até com menos meios ...
A festa já se tornou repetitiva. Poderá haver modelo diferente, como os houve noutros concelhos, no sentido de valorizar o produto Queijo da Serra, que também ele, deve ter a qualidade e a quantidade genuína para não serem ouvidas queixas, dos visitantes, que compraram na Feira e não conseguiram consumir o queijo ali adquirido.
Esta imagem que passa, de uma realidade certamente muito circunscrita, é que não pode acontecer.
A cidade e o certame, muito importante para o Município, precisam de granjear e manter o bom nome e o prestígio de outros tempos, em que as mostras eram premiadas e a qualidade do produto e o fabrico eram
bem mais rigorosas.
Defenda-se a qualidade e o bom nome, pois assim defenderemos os interesses da região. "A César o que é de César" ao bom queijo a sua devida promoção e apoio.
A parte comercial também terá de ter o seu lugar, mas sem confusões, nem eventuais distorções.
Perdeu-se, por culpa nossa, a defesa dos verdadeiros interesses do Queijo da zona. Fomos, por vezes, distraídos, complacentes e menos inteligentes, permitindo que outros acabassem por ser beneficiados,
talvez indevida e injustamente de uma marca que à Serra devia permitir produzir e que até já nos suplantam...
A ideia generalizada, quanto à enorme afluência e ao volume de negócio, foi bem patente, o que é bom e se saúda. Mas os Senhores Ministros raramente se dão ao incómodo de vir a Seia e menos ainda de anunciar à imprensa presente e à comunidade medidas de impacto nacional. Já lá vão esses tempos e esses cómodos...
É patente alguma dificuldade dos políticos corresponderem aos convites de Seia. Seia dá pena de assim ser esquecida, ou ignorada, e assim até desconsiderada.
Há áreas como a saúde e as acessibilidades, para as quais não existe empenho, e até envergonham qualquer responsável, ou a justiça, onde as respostas às necessidades são ignoradas, adiadas ou inexistentes, apesar de tão urgentes e necessárias como são, as de outras regiões, que reclamaram e conseguiram cativar as atenções e obter resultados. Será porque essas tiveram a sorte de ter responsáveis muito firmes, exigentes ou até persistentes e consistentes nas reivindicações ou porque o voto está sempre certo cá por estas áreas?
Os incómodos para todos nós são sentidos, sobretudo nos serviços de Justiça e da saúde, onde o Hospital devia responder às situações das necessidades desta zona, longe da Guarda e de Coimbra e com deficientes
más ligações viárias a qualquer uma delas. Há tanto tempo prometidos e adiados.
É o incómodo destas situações no Interior, com maus caminhos para quem precisar de chegar depressa e comodamente, a cuidados de vida e saúde que não incomodam, aparentemente, ninguém...
Alcides Soares Henriques