PORTUGAL PRECISA DE CRIAR MAIS RIQUEZA

16-09-2022
Qualquer noticiário destaca, facilmente, o que o Governo, e os demais organismos públicos gastam e bem assim os benefícios que são distribuídos pelas áreas diversas.

Seguem-se as obras, as estatísticas e os números quanto interessantes, o PRR (Plano de Recuperação e Resiliência), etc.

A opinião pública é, assim, com insistência informada daquilo que lhe agrada mais ouvir.A preocupação é dar a ideia do que é gasto, fazendo crer que não existem dificuldades para o Estado. Só que gastamos muito e mal, por vezes, e não emendamos este processo de apenas dar a conhecer o que é mais agradável divulgar.

Sempre que surgem ou aparecem dificuldades, umas já que podemos saber, ou outras que desconhecemos, lá vem o coro de lamentos e o estender da mão ao Governo ou aos Fundos Europeus. O mito que é ao Estado que tudo cabe resolver.

A sociedade habituou-se à ideia de reclamar/pedir subsídios, procurando o dinheiro fácil, mas esquecendo que se gasta, despreocupadamente, em tantas ocasiões enquanto raramente se pensa, seriamente, primeiro, na criação da riqueza, na produtividade do trabalho, na consciencialização da comunidade de que não é possível distribuir sem produzir.

O inverso deste procedimento não tem fundamento, porque os meios não são inesgotáveis.

Terá de ser o Estado o primeiro a dar exemplo no cuidar bem da administração pública, no aplicar os impostos com parcimónia e rigor e de deixar de recorrer aos mesmos sempre que lhe aprouver, elevando a carga fiscal que também, por vezes, aplica mal, dificultando os orçamentos a uma boa parte dos seus cidadãos.

O Estado gasta muito consigo próprio e nem sempre gasta bem, o que é pior, mas está disposto a exigir dos seus cidadãos. 

Sem contemplações pelos erros que pratica, também gasta sem ser necessário, nem útil em tanta situação mas não lhe são exigidas responsabilidades.
E não é só o Estado, também as autarquias seguem este procedimento

Sim, esta inclinação do gastar fácil não é só do Governo mas hábito instalado nos partidos e nas autarquias.
Nestes últimos tempos, o coro de sugestões, para aumentos de pensões, ordenados, subsídios, despesas na educação, saúde, incêndios, etc., foram uníssonas. Distribuir bens e baixar preços é o que todos clamam, como se a vida das pessoas não tenha que passar por ultrapassar dificuldades, sobretudo em tempo de guerra...
Uma certa utopia, que a comunicação social alimenta, afasta muita gente de pensar na vida real e do que é possível ter. No fundo, para o Estado ir além do que lhe é possível e sustentável tem de faltar noutros aspectos.
A "manta é curta"... e lá poderão vir mais impostos, taxas, tarifas, etc., como é a história da "pescadinha...". Quantos dos cidadãos subsidiados gastam mal o que recebem, faltando-lhes (depois) para o essencial?

O problema real é que não há abundância, nem quantidade de recursos para distribuir como todos querem ou julgam possível. Temos de os angariar melhor pela produtividade, pela eficiência e no rigor da vida ou então pedir emprestado, sabendo-se que teremos de o pagar mas com maior sacrifício lá mais adiante.
O caminho é investir bem, com olhos no futuro, criar riqueza para fazer mais e distribuir.

Exige-se seriedade para sermos credíveis. Não faz parte dela o aspecto engenhoso que não dura, nem resulta sempre. E como disse Macron - o Presidente Francês - "o tempo da abundância acabou".
Alcides Soares Henriques  

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