Que Seia querem vocês?

20-07-2021
Alicia Gomes Perez

OPINIÃO de Alicia Gomes Perez (Munícipe) 

Aproximam-se as eleições autárquicas e a inevitabilidade de um olhar profundo sobre o nosso concelho, não lá do alto que para isso já estão os drones e aqueles que há anos estão no pedestal.

Um olhar com os pés no chão.
Fazendo uma análise objetiva, sem cair nos argumentos mais básicos (mas não por isso falsos) dos 'tachos', dos 'boys' e dos 'senenses de primeira e de segunda', é fácil chegar à conclusão de que Seia está pior hoje do que estava há 12 anos. Por muito que se tente à última da hora 'enfeitar' Seia com obras faraónicas na tentativa de disfarçar a falta de investimento na cidade dos últimos anos, qualquer pessoa consegue ver a realidade do nosso concelho.

Temos menos população e cada vez mais pessoas a ir embora.
Temos cada vez menos jovens a fixar-se.
Temos menos valências no Hospital.
Não temos boas vias de comunicação terrestre.
Temos um aeródromo inoperacional.
Não temos capacidade para atrair empresas. Temos taxas de tudo elevadas.
Temos aldeias sem médicos.
Temos freguesias onde não há nada que vincule o Estado às pessoas.
Não temos uma rede de transportes em condições.
Temos e não temos. Temos e não temos...
Temos problemas habitacionais.
Temos Gingas e Vai e Vem, vazios.

Temos projectos e mais projectos, encaixados na CIM ou em qualquer outro organismo, cuja utilidade prática não é (demasiadas vezes!) a expectável quando a verdadeira necessidade da terra é o seu desenvolvimento.
Temos ilhas ecológicas e as suas pomposas 'inaugurações'.

Temos desemprego e falta de esperança em que seja possível mudar o paradigma.
Sobra arrogância ao executivo actual na forma como lida com os problemas da população.
Sobra mesmo o jeito altaneiro como, quem manda, comunica com aqueles que deve servir. Sim, porque deve ser esse o espírito de quem é eleito para governar, servir.
Falta empatia, sensibilidade e atrevo-me a dizer que falta vontade de abrir Seia a todos, através de políticas que permitam o concelho crescer.

Não sei bem como mas, a postura levada a cabo por quem até hoje tem estado à frente do município, fez com que o espírito crítico fosse praticamente erradicado, não do pensamento (as pessoas ainda são livres de pensar) apenas não é verbalizado sob pena de sofrer as consequências de ter uma opinião.

Vivemos uma espécie de 'apartheid' por estes lados com alguma 'síndrome de Estocolmo' à mistura.

Vivo aqui há 17 anos e recuso-me a aceitar que tudo vai continuar igual ou pior.
Acredito que o facto de não haver empresas a fixar-se aqui é intencional. Acredito que técnicos superiores, gestores, engenheiros, pessoas novas e capazes, 'cabeças pensantes' em Seia, sejam uma ameaça para o poder e quiçá por isso, o esforço feito para as trazer para cá, tenha sido insuficiente.


Acredito que a política é para servir os interesses de todos e que Seia merece mais do que perpetuar no poder quem há muito vem demonstrando que o seu interesse está acima do interesse do município.

Acredito que há pessoas que gostavam de ter um governo local que defendesse com paixão os interesses de um pequeno município de interior cheio de gente rija e resiliente que continua cá apesar das circunstâncias.

Acredito que todos podem integrar um projecto político, que todos podem dar o seu contributo, que qualquer pessoa está apta a fazer parte da mudança num concelho que tem de ser integrador e não segregador.


E não, não é dizer mal... é apenas e só constatar que o ambiente é irrespirável num lugar serrano, onde se supõe que o ar é puro.
A nossa poluição é essa. A inércia, o nepotismo, o conformismo, o despotismo... esta paz podre onde estamos submersos, porque ir para a 'guerra' é uma chatice e afinal ganham sempre os mesmos.

O PSD, que é o grande partido da oposição, tem falhado. Imenso. É verdade. E precisa de assumir os erros, de melhorar, de se elevar, organizar e fazer frente com firmeza a esta gestão socialista que tem atirado Seia para um patamar que não merece. Quem cá vive, deve aspirar a mais e melhor, para si e para os seus vizinhos. Muitos aspiramos (enquanto nos ronda na cabeça a ideia de mudar para outro lado) a ver Seia no nível que merece.

Por isso, porque eu sei que mais do mesmo asfixia, posiciono-me na oposição.
Foram 17 anos à espera de melhor e estou certa de que pelo mesmo caminho, não virão melhoras.


Melhor um mal conhecido que um bem por conhecer? Não vale a pena, ganham sempre os mesmos? Não! Estagnação, não! Precisamos de acreditar, de mudar e sobre tudo de ter esperança e poder olhar à nossa volta com orgulho de viver cá, de fazer parte de uma comunidade onde todos temos igualdade de direitos, de oportunidades e onde a nossa ideologia ou opinião não sejam um obstáculo mas sim o ponto de partida para o diálogo necessário que mantém saudável a democracia.

E a seguir, juntos, trabalhar para termos um concelho com um tecido empresarial robusto, com bons acessos, com transportes, com emprego, com soluções habitacionais, com melhores condições na área da saúde, com maior resposta social, melhores estratégias turísticas... um concelho diferente daquele que o PS-Seia nos tem 'oferecido' há mais de 40 anos.

Que Seia querem vocês? Desabafem que eu já o fiz e soube-me bem 🙂

(In: página Facebook da autora)

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