CABEÇA (Seia), incêndio incontrolável lavra desde ontem
Chegam imagens "em directo" à nossa redacção da frente de fogo que se mantém activa.Casas de habitação em risco.* vista das Pedras LavradasHoje de manhã estavam no local das operações 126 operacionais, com o apoio de 40 veículos.Agradecemos o envio das fotos.________________________________________Portugal não tem usado de forma correta fundos estruturais para intervir na gestão florestal pós-fogo, nem tem selecionado áreas de intervenção prioritárias, importantes mecanismos na redução de incêndios.A conclusão é de Cristina Ribeiro, doutoranda do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro (UA), que afirma que Portugal não tem realizado a gestão pós-fogo de forma correta.Desde os anos 80 até hoje que Portugal beneficia de fundos estruturais da União Europeia para intervir na gestão dos terrenos pós-fogo. A investigadora deu especial atenção à "aplicação de 25 milhões de euros de investimento elegível financiado, através do Programa de Desenvolvimento Rural PRODER (2007-2013)". Desde 2007 que esses fundos têm como principais objetivos prevenir o risco de incêndios através da "conservação do solo e da água e promover a médio e longo a regeneração e o restauro das florestas afetadas.", pode ler-se num comunicado da Universidade de Aveiro.No seu estudo, a investigadora aponta "duas grandes falhas na aplicação do financiamento". As intervenções pós-fogo são tardias e, quando realizadas, são desadequadas. Em entrevista à investigadora, alguns proprietários de terrenos afetados por incêndios relataram que "as intervenções quando chegaram ao terreno já não estavam adequadas à realidade existente, uma vez que a evolução do ecossistema não se compadeceu com o tempo necessário para a aprovação do financiamento".Para além da demora na gestão pós-fogo dos terrenos, Cristina Ribeiro aponta a falta de existência "de uma seleção de áreas a intervir". De acordo com o conhecimento científico e internacional, as intervenções pós-fogo não podem ser realizadas em toda a área ardida por questões temporais e económicas, porém, as intervenções "devem ser feitas em áreas consideradas prioritárias, face aos riscos e valores em risco existentes na sua envolvente", salienta a investigadora. "Em Portugal, a avaliação da área ardida não tem identificado a área de intervenção prioritária, como tal as intervenções têm surgido aleatoriamente distribuídas pela área ardida", denuncia.Qual o retorno?De forma a solucionar as falhas apontadas, a investigadora sugere que "o planeamento dessa gestão se deve iniciar ainda durante a ocorrência do fogo rural ou o mais rapidamente possível" e que se reduza "o tempo que medeia entre a ocorrência do incêndio e a realização efetiva das intervenções no terreno". Para Cristina Ribeiro é prioritário que se perceba qual o retorno dos investimentos realizados. "Não existe informação sobre esses valores para os projetos financiados", afirma.A investigadora conclui que a gestão do pós-fogo tem um papel importante na redução de incêndios e no "desenvolvimento sustentável da floresta nacional.". Cristina Ribeiro sugere que sejam emitidas orientações nacionais para a "criação da equipa de agentes nacionais, regionais e locais que acompanhem cada fogo rural e a criação dos mecanismos necessários para o seu funcionamento."