SEIA NÃO É UM MUNICÍPIO AMIGO DO AMBIENTE…!
Esta frase é agradável de ler e ouvir pronunciar.
O sentimento que transmite, e com que concordamos, implica não apenas uma ou outra acção / iniciativa ou melhoramento mas um conjunto coerente de atitudes.
Ser amigo do ambiente deverá ser consequente em todas as situações da vida económica, social e política. Esta introdução, na nossa concepção do que deve ser o equilíbrio e a defesa do ambiente, coloca-nos perante interrogações consequentes entre o que é dito e o que é feito nesta cidade, onde surgem aspectos, que indicam ideias decadentes e atitudes contraditórias.
Ser amigo do ambiente reclama, e implica, a protecção do meio ambiente. Não se entende, por isso, a evidente aversão que recai sobre as árvores da cidade, dado o seu frequente abate, direi despreocupado e insensível, por quem manda.
Apontamos como exemplos:
A encosta sobre a Avenida 1.º de Maio está despida de árvores, impiedosamente devastadas. O Município devia, e podia, ter impedido uma tal razia, embora em propriedade privada mas que tem influência no meio ambiente. Não admira que não o tivesse feito, perante o arranque e corte de árvores, algumas centenárias, na cidade, sem a preocupação que devia haver na sua preservação.
Lembramos, também, a destruição de todas as árvores na Avenida Luís de Camões, em frente aos prédios, com a desculpa do "alinhamento e requalificação do passeio". Não era preciso fazer aquilo...
Apontamos, se seguida, o que até consideremos de crime ambiental, o corte das árvores a meio tronco (pinheiros e eucaliptos) na mata do CISE. Todos sabemos que o pinheiro não rebenta, mas alguém terá pensado o contrário. O que fazem agora os troncos despidos há dois anos? E quanto aos pinheiros secos que, cremos, alguns por acção da Nematodo, ainda não foram eliminados e retirados provocando o contágio, como é sabido?
Isto não é ser amigo do ambiente!... Mas de que ambiente?
Cortaram-se todas as centenárias árvores da Rua da Igreja Matriz. É provável que algumas tivessem de ser sacrificadas, por causa das obras de restauro do muro, que as águas perdidas, há muito, vinham danificando e provocando a sua instabilidade, mas todas é que não aceitamos, porque podiam e deviam ser poupadas. Uma árvore frondosa vale mais que uma centena agora plantadas, que não o foram.
No Jardim Municipal houve outro ataque de fúria aos plátanos. Não era possível evitar? Era, se houvesse outra sensibilidade e preocupação... Até agora o Município já destruiu, ou deixou destruir, dezenas de árvores nesta cidade. Que motivos, por exemplo, levaram a que árvores frondosas, em boas condições sanitárias, como aconteceu com os eucaliptos à entrada da cidade e que eram um cartaz da entrada em Seia, como o artista Senense Tavares Correia os perpetuou nas suas pinturas, fossem destruídas e ali permanecessem estendidas mais de um ano? Quanto custou tal desnecessária intervenção?
O Município deverá de realizar alguma formação aos responsáveis dos serviços, que se ocupam e empreenderam estas actuações, e passar a considerar como uma árvore cortada corresponde a mais de 50 que se plantam e são indispensáveis ao ambiente, à nossa vida e bem estar. As muitas dezenas cortadas não há correspondência com novas plantações. Porquê? E uma vez plantadas, quando e quantas são precisas para equilibrar as destruídas?
Esperamos que a Avenida 1.º de Maio ainda seja poupada à degola já anunciada. Não destruiremos o meio, não se pratiquem actos incoerentes. Só assim se provaria a verdadeira amizade e protecção do ambiente. O contrário é retórica e ruído... É preciso denunciar estes ataques!
POR: ALCIDES HENRIQUES