Ferrovia no concelho de SEIA
"Numa altura em que se tem falado na Ferrovia em Seia, nada como recordar esta publicação da Biblioteca Municipal em parceria com o Arquivo Municipal, onde se pode ver a posição que alguns Senenses tinham sobre a mesma.
Quem quiser saber mais sobre esse projecto, recomendo a leitura da Revista Portugal Ferroviário nº37 de Agosto de 2013, bem como um artigo publicado pelo Diário de Coimbra a propósito da comemoração dos seus 90 anos, em 28 de Fevereiro de 2020.(...) Em 1907 foi classificada a Rede Complementar do Centro, na qual se incluía uma linha de via estreita, de Arganil a Santa Comba Dão.
O decreto define que a Linha de Arganil ligaria a estação de Coimbra B a Santa Comba Dão, passando por Miranda do Corvo, Lousã, Góis, Arganil e Espariz. Nesta localidade partiria a Linha de Gouveia, que deveria terminar em Viseu, com estações em Torrozelo, São Romão, Seia, Gouveia e Mangualde. (obtido em correiodetorroselo.blogs.sapo.pt)
(...)Como o troço Coimbra - Lousã obtia lucros superiores ao esperado, em 1907 o governo aprovou os troços ferroviários em via estreita Lousã - Arganil - Gouveia e Arganil - Santa Comba Dão. Na mesma altura, um consórcio franco-português solicitou uma concessão por 99 anos, da construção e exploração de uma linha em via estreita desde o Entroncamento até Gouveia, passando por Tomar, Avelar, Lousã, Arganil e Seia.
Com a instabilidade política que se instalou a partir de 1908, os projectos foram suspensos. A Companhia da Beira Alta também não via com bons olhos a construção de uma linha paralela à sua, já que beneficiava de ter uma zona de proteção de 40 quilómetros laterais, e por isso foi sempre uma opositora ao troço Arganil - Gouveia.
A linha entre Coimbra e Lousã servia uma população de aproximadamente 40 mil habitantes, entre os concelhos da Lousã, Miranda do Corvo e Penela. Com o prolongamento da linha a Arganil, para além deste, também os concelhos de Góis, Pampilhosa da Serra e parcialmente Poiares e Tábua, ficariam servidos com o caminho-de-ferro, ou seja, mais 64 mil habitantes a juntar aos 40 mil até à Lousã.
Com base nestes números, a 19 de dezembro de 1916, deu entrada na câmara dos deputados, uma proposta de lei para o prolongamento da linha até Arganil.Um dos artigos autorizava um empréstimo máximo de 40 mil escudos à Companhia de Ferro do Mondego. No entanto esta proposta ficaria encalhada na última comissão.
Sem existirem desenvolvimentos, em Junho de 1917, pessoas influentes de Arganil, Góis, Oliveira do Hospital e Covilhã, juntaram-se em Coimbra para formar uma comissão representativa, com intuito de reunir-se com o ministro do trabalho, para pedir o início da construção do caminho-de-ferro de Lousã a Arganil e sua extensão até à Covilhã.
Mas nada conseguiram. Apesar das expropriações estarem quase todas realizadas e existirem algumas terraplanagens já realizadas desde 1889, por essa altura, a conclusão dos 32 quilómetros estava avaliada em 8.000 contos.
Em 1919, mais concretamente a 19 de fevereiro, deu entrada no senado um projecto de lei que autorizava o governo a construir uma linha férrea que ligasse Viseu a Gouveia e Seia, via Mangualde, com possível prolongamento até ao Entroncamento, passando por Arganil, Lousã, Miranda do Corvo e Tomar.
Passados 7 meses, ou seja, em setembro, o conselho de ministros promoveu a construção do caminho-de-ferro até Arganil e comprometeu-se a estudar a ligação até a Serra da Estrela. Chegou a inscrever no orçamento de estado a garantia de juro que concedeu à Companhia de Ferro do Mondego.
A 24 de Outubro de 1919, o governador civil,anunciou publicamente que o início das obras para levar o caminho-de-ferro até Arganil estaria para breve.Com o passar do tempo, foram surgindo outras ideias.
Em Março de 1921 falou-se em prolongar a linha para lá de Arganil, até Galizes (Oliveira do Hospital) e a partir daí até a Covilhã, uma linha americana a vapor, pela estrada real. Abril de 1922, o governo concedeu 3.000 contos para estudo e construção da linha entre Entroncamento e Vila Franca das Naves, passando Tomar, Lousã, Arganil e Gouveia.(obtido em Portugal Ferroviário)"
Por: Rui Sousa Dias